O Ciclo de Natal

Tradição e Devoção: As Folias de Reis no Vale do Paraíba

Abertura do Presépio Museu do Folclore de São José dos Campos

As Folias de Reis são constituídas por grupos devocionais, de promesseiros, cantadores e instrumentistas que, tradicionalmente, preparam seu ‘giro’, com cantorias, mensagens e bençãos, visitando casas e presépios aos quais são convidados durante sua jornada.

Os foliões performam diferentes papeis e representações, numa organização bastante delineada. Há cantos específicos para as ações realizadas durante seu giro, seja para adentrar às residências dos devotos, para agradecer aos moradores ou para se despedir.

Esta manifestação pulsante é oriunda da comunidade e a ela pertencente. Esses preceitos tradicionais funcionam como marcadores e mediadores entre os fiéis e o plano do sagrado.

Trata-se de um momento de devoção, demarca um período em que a rotina cotidiana de diversos devotos do Vale do Paraíba é rompida pelas vivências do religioso e do divino, por meio das celebrações voltadas ao nascimento de Jesus Cristo e aos Santos Reis.

No percurso de seu giro, durante essa jornada ritual, os foliões dividem-se entre representações, com funções sociais organizadas. Na missão sagrada de transportar a bandeira e anunciar o nascimento de Jesus, alguns papeis destacam-se dentre os devotos:

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Mestre Folião

O líder das Folias de Reis encontra-se na figura do mestre folião. Além de iniciar todos os ritos de entoação dos cantos, ele é o responsável pela memorização e transmissão desse saber.

Mestre Sr. Jaime – Cia de Reis Esplendor do Oriente

Contramestre

O contramestre possui um importante papel dentro da dinâmica das folias, atua como uma espécie de vice-líder, destacando-se durante os cantos e substituindo o mestre em momentos de ausência.

Contramestre Soynara – Folia de Reis do Mestre Zé Mira

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Bandeireiro

Posicionada à frente das folias localiza-se o bandeireiro (ou bandeireira), também chamado de alferes. Muitas vezes representado por uma mulher devota, a pessoa é responsável por portar durante todo o ritual um dos mais importantes símbolos dessa manifestação: a bandeira.

Bandeireira Juliana – Folia de Caçapava

Marungo

Entre os foliões, outra figura de destaque é o palhaço ou marungo. Com suas vestes diferenciadas e marcadas pelo uso de uma máscara, realiza uma performance cômica e ambígua. Sua origem é incerta e uma das versões mais disseminadas sugere que a personagem seja a representação dos soldados de Herodes, perseguidores de Cristo que, após arrependerem-se, lutam com suas espadas para proteger a bandeira. Ainda segundo a tradição, o marungo deve retirar a máscara, em sinal de respeito, quando dentro das casas que os recebem e também quando direciona seu louvor ao presépio.


Cia Irmandade de Santos Reis